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Por quê?

Em uma sociedade cada vez mais marcada pelo crescimento dos problemas socioeconômicos e por inúmeras violações aos direitos humanos, questiona-se a responsabilidade social da Universidade e dos operadores o Direito e suas (in)capacidades em influir efetivamente na transformação da realidade, através de ações organizadas em conjunto com os movimentos populares.
Ao se analisar o papel dos serviços de extensão universitários frente à sociedade e frente à própria Universidade, percebe-se um distanciamento cada vez maior da mesma em relação às classes populares. Tudo isto traz como consequência para a Universidade o questionamento de sua legitimidade, ou seja, tal instituição vem sendo criticada e questionada quanto ao seu caráter de pública e gratuita.
A realidade complexa socioeconômicas gera uma grande quantidade de conflitos envolvendo grupos e coletividades, daí a necessidade de uma reorganização do tecido social em bases mais igualitárias.
No âmbito do Judiciário, deve ser garantido o acesso à justiça como um dos mais básicos direitos humanos. Os operadores do Direito têm, também, uma responsabilidade social a ser cumprida para a efetivação deste direito, sendo necessário, para tanto, a superação dos paradigmas estritamente normativistas, reinantes nas instituições de ensino jurídico e no Judiciário.
A necessidade de transformar a Universidade, o Judiciário e a estrutura do ensino jurídico, caminhando para uma mudança de paradigmas no sentido da libertação e emancipação humanas, tendo a consciência de que o direito nasce das lutas sociais e do desejo permanente de libertação, por tudo, faz-se acreditar que o GAJUP surge como um instrumento na busca de uma efetiva transformação social e da construção de uma ordem jurídico-política: nova e justa
O modelo tradicional de ensino jurídico que se consolidou historicamente na maioria dos Cursos de Direito do país, apresenta-se de forma totalmente tecnicista e mercadológica, garantindo as estruturas de dominação política e ideológica da classe dominante. Trata-se de uma formação jurídica que rejeita as contradições sociais estruturais e refirma a ordem do Capital como legítima, forjando um entendimento de justiça como mera aplicação da lei.O conservadorismo da formação em direito é reforçado pela lógica em que os professores se impõem como "corredor polonês" em que os estudantes são formatados para servir a ordem e ao estado. Trata-se de uma formação que continuamente se afirma como bloqueada ao exercício da crítica.Assim, o desenvolvimento de uma formação jurídica crítica, vincula-se a crítica compreensiva do conservadorismo positivista e neopositivista no direito, que desenvolva o conhecimento do complexo jurídico a partir dos antagonismos estruturais da sociedade capitalista e dos seus desdobramentos na organização social das classes trabalhadores nos embates abertos ou camuflados com o capital
Trata-se de uma perspectiva emancipatória do direito, em que o enfrentamento os interesses das classes trabalhadoras seja reconhecido como direitos fundamentais para a superação da própria sociedade de classes, e portanto dos fundamentos ontológicos da própria existência do direito e do estado.
A luta pela transformação do ensino jurídico tem como finalidade a formação de trabalhadores do direito que orientem sua práxis, de forma consciente, para a superação do sistema metabólico do capital e consequentemente de suas mazelas sociais. A transformação do ensino jurídico e o enfrentamento dos atuais problemas na formação em direito, está vinculada a um projeto de universidade que supere a lógica da mercantilização e avance rumo a uma Universidade Popular, como um projeto global, aberto e dinâmico, que visa atuar sobre as determinações casuais da educação mercantilizada.